Jean-Paul Crespelle, na sua obra “Picasso – as mulheres/os amigos/a obra”, interrogava-se sobre “quem era este Casanova da boémia,…? Referia-se a Picasso, de nome completo: Pablo Diego José Francisco de Paula Juan Nepomuceno María de los Remedios Cipriano de la Santísima Trinidad Ruiz y Picasso, nome demasiado curto para incluir todos os nomes da cidade onde nasceu, a saber: Málaga, mas demasiado extenso para incluir todos os nomes da rua onde nasceu!
Efectivamente nos intervalos da sua arte de auto-afirmação, digamos, entretinha-se com o pincel ou simplesmente com o lápis a riscar gravuras e litogravuras.
Não nos iremos perder nas querelas sobre o cubismo e outras questões associadas à forma como se exprimia. Não. Seria uma perda de tempo e, sinceramente desinteressante para os que possam ler este apontamento.
Aqui iremos mencionar as respostas dadas por alguns dos amigos/conhecidos que o autor Jean-Paul Crespelle encontrou para o descrever Pablo Picasso, as quais passamos a expor:
Cristian Zervos: “De estatura média, com a elegância de um corpo bem equilibrado, um pouco como que de marfim enquadrado numa barba curta e frisada – sim, porque também ele, como muitos outros jovens, usou barba -, olhos negros de um brilho sobrenatural, com um olhar de agressão sorridente, um olhar perspicaz que pousava com irresistível ardor sobre o interlocutor ou sobre as coisas, um espírito de rigor e de profunda sensibilidade…”
Baron Mollet: “Este homem não muito alto, atarracado, muito moreno, com uma fisionomia que exprimia uma vontade formidável. Mas os olhos, principalmente os olhos, tinham uma expressão fascinante, algo de duro, tornando-se extremamente doces quando sorria.”
Roland Dorgelès: “A sua boca, de lábios finos, alegrava-se às vezes; os olhos, nunca. Olhos estranhamente negros, demasiado grandes para o seu rosto, incómodos pela fixidez.”
Gertrude Stein: “Tinha a altivez desembaraçada de um toureiro à frente do desfile.”
Fernande Olivier: “Picasso, pequeno, moreno, atarracado, inquieto, inquietante, de olhos escuros, profundos, perspicazes, estranhos, quase fixos. Gestos desajeitados, mãos de mulher, mal vestido, pouco cuidado. Uma franja espessa, negra e brilhante, cruzava-lhe a testa, inteligente e teimosa. Semiboémio, semitrabalhador, os cabelos demasiado cumpridos varriam o colarinho de um casaco já velho.”