Tag Archives: Arte

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Quinta de Fataunços

Quinta das Lombas ou Quinta de Fataunços

Jardins deslumbrantes – “Keukenhof” – Holanda

Sugere-se a visita ao sitio: http://www.keukenhof.nl/en/

 

Miguel Torga – Prelúdio

Reteso as cordas desta velha lira,
Tonta viola que de mão em mão
Se afina e desafina, e donde ninguém tira
Senão acordes de inquietação.

Chegou a minha vez, e não hesito:
Quero ao menos falhar em tom agudo.
Cada som como um grito
Que no seu desespero diga tudo.

E arrepelo a cítara divina.
Agora ou nunca – meu refrão antigo.
O destino destina,
Mas o resto é comigo.

Miguel Torga

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Próspero Ano Novo!

Ano-Novo-web

Postal publicitário das Máquinas de Costura Oliva – ano de 1944

Conimbriga, Ciudad Romana 3d / Virtual Roman City of Conimbriga

O operário em construção

 Free from work

Era ele que erguia casas
Onde antes só havia chão.
Como um pássaro sem asas
Ele subia com as asas
Que lhe brotavam da mão.
Mas tudo desconhecia
De sua grande missão:
Não sabia por exemplo
Que a casa de um homem é um templo
Um templo sem religião
Como tampouco sabia
Que a casa que ele fazia
Sendo a sua liberdade
Era a sua escravidão.

De fato como podia
Um operário em construção
Compreender porque um tijolo
Valia mais do que um pão?
Tijolos ele empilhava
Com pá, cimento e esquadria
Quanto ao pão, ele o comia
Mas fosse comer tijolo!
E assim o operário ia
Com suor e com cimento
Erguendo uma casa aqui
Adiante um apartamento

Além uma igreja, à frente
Um quartel e uma prisão:
Prisão de que sofreria
Não fosse eventualmente
Um operário em construção.
Mas ele desconhecia
Esse fato extraordinário:
Que o operário faz a coisa
E a coisa faz o operário.
De forma que, certo dia
À mesa, ao cortar o pão
O operário foi tomado
De uma súbita emoção
Ao constatar assombrado
Que tudo naquela mesa
– Garrafa, prato, facão
Era ele quem fazia
Ele, um humilde operário
Um operário em construção.
Olhou em torno: a gamela
Banco, enxerga, caldeirão
Vidro, parede, janela
Casa, cidade, nação!
Tudo, tudo o que existia
Era ele quem os fazia
Ele, um humilde operário
Um operário que sabia
Exercer a profissão.

Ah, homens de pensamento
Não sabereis nunca o quanto
Aquele humilde operário
Soube naquele momento
Naquela casa vazia
Que ele mesmo levantara
Um mundo novo nascia
De que sequer suspeitava.
O operário emocionado
Olhou sua própria mão
Sua rude mão de operário
De operário em construção
E olhando bem para ela
Teve um segundo a impressão
De que não havia no mundo
Coisa que fosse mais bela.

Foi dentro dessa compreensão
Desse instante solitário
Que, tal sua construção
Cresceu também o operário
Cresceu em alto e profundo
Em largo e no coração
E como tudo que cresce
Ele não cresceu em vão
Pois além do que sabia
– Exercer a profissão –
O operário adquiriu
Uma nova dimensão:
A dimensão da poesia.

E um fato novo se viu
Que a todos admirava:
O que o operário dizia
Outro operário escutava.
E foi assim que o operário
Do edifício em construção
Que sempre dizia “sim”
Começou a dizer “não”
E aprendeu a notar coisas
A que não dava atenção:
Notou que sua marmita
Era o prato do patrão
Que sua cerveja preta
Era o uísque do patrão
Que seu macacão de zuarte
Era o terno do patrão
Que o casebre onde morava
Era a mansão do patrão
Que seus dois pés andarilhos
Eram as rodas do patrão
Que a dureza do seu dia
Era a noite do patrão
Que sua imensa fadiga
Era amiga do patrão.

E o operário disse: Não!
E o operário fez-se forte
Na sua resolução

Como era de se esperar
As bocas da delação
Começaram a dizer coisas
Aos ouvidos do patrão
Mas o patrão não queria
Nenhuma preocupação.
– “Convençam-no” do contrário
Disse ele sobre o operário
E ao dizer isto sorria.

Dia seguinte o operário
Ao sair da construção
Viu-se súbito cercado
Dos homens da delação
E sofreu por destinado
Sua primeira agressão
Teve seu rosto cuspido
Teve seu braço quebrado
Mas quando foi perguntado
O operário disse: Não!

Em vão sofrera o operário
Sua primeira agressão
Muitas outras seguiram
Muitas outras seguirão
Porém, por imprescindível
Ao edifício em construção
Seu trabalho prosseguia
E todo o seu sofrimento
Misturava-se ao cimento
Da construção que crescia.

Sentindo que a violência
Não dobraria o operário
Um dia tentou o patrão
Dobrá-lo de modo contrário
De sorte que o foi levando
Ao alto da construção
E num momento de tempo
Mostrou-lhe toda a região
E apontando-a ao operário
Fez-lhe esta declaração:
– Dar-te-ei todo esse poder
E a sua satisfação
Porque a mim me foi entregue
E dou-o a quem quiser.
Dou-te tempo de lazer
Dou-te tempo de mulher
Portanto, tudo o que ver
Será teu se me adorares
E, ainda mais, se abandonares
O que te faz dizer não.

Disse e fitou o operário
Que olhava e reflectia
Mas o que via o operário
O patrão nunca veria
O operário via casas
E dentro das estruturas
Via coisas, objetos
Produtos, manufaturas.
Via tudo o que fazia
O lucro do seu patrão
E em cada coisa que via
Misteriosamente havia
A marca de sua mão.
E o operário disse: Não!

– Loucura! – gritou o patrão
Não vês o que te dou eu?
– Mentira! – disse o operário
Não podes dar-me o que é meu.

E um grande silêncio fez-se
Dentro do seu coração
Um silêncio de martírios
Um silêncio de prisão.
Um silêncio povoado
De pedidos de perdão
Um silêncio apavorado
Com o medo em solidão
Um silêncio de torturas
E gritos de maldição
Um silêncio de fraturas
A se arrastarem no chão
E o operário ouviu a voz
De todos os seus irmãos
Os seus irmãos que morreram
Por outros que viverão
Uma esperança sincera
Cresceu no seu coração
E dentro da tarde mansa
Agigantou-se a razão
De um homem pobre e esquecido
Razão porém que fizera
Em operário construído
O operário em construção

Vinicius de Moraes

Imagem de dreamstime

Surge Janeiro frio e pardacento

Surge Janeiro frio e pardacento,
Descem da serra os lobos ao povoado;
Assentam-se os fantoches em São Bento
E o Decreto da fome é publicado.

Edita-se a novela do Orçamento;
Cresce a miséria ao povo amordaçado;
Mas os biltres do novo parlamento
Usufruem seis contos de ordenado.

E enquanto à fome o povo se estiola,
Certo santo pupilo de Loyola,
Mistura de judeu e de vilão,

Também faz o pequeno “sacrifício”
De trinta contos – só! – por seu ofício
Receber, a bem dele… e da nação.

José Régio, 1969

Imagem de stock.xchng

Salvem os ricos (contemporâneos) www.arrastao.org

Biblioteca Digital de Fernando Pessoa

Conhecer Picasso através dos seus amigos/conhecidos

Jean-Paul Crespelle, na sua obra “Picasso – as mulheres/os amigos/a obra”, interrogava-se sobre “quem era este Casanova da boémia,…? Referia-se a Picasso, de nome completo: Pablo Diego José Francisco de Paula Juan Nepomuceno María de los Remedios Cipriano de la Santísima Trinidad Ruiz y Picasso, nome demasiado curto para incluir todos os nomes da cidade onde nasceu, a saber: Málaga, mas demasiado extenso para incluir todos os nomes da rua onde nasceu!

Efectivamente nos intervalos da sua arte de auto-afirmação, digamos, entretinha-se com o pincel ou simplesmente com o lápis a riscar gravuras e litogravuras.

Não nos iremos perder nas querelas sobre o cubismo e outras questões associadas à forma como se exprimia. Não. Seria uma perda de tempo e, sinceramente desinteressante para os que possam ler este apontamento.

Aqui iremos mencionar as respostas dadas por alguns dos amigos/conhecidos que o autor Jean-Paul Crespelle encontrou para o descrever Pablo Picasso, as quais passamos a expor:

Cristian Zervos: “De estatura média, com a elegância de um corpo bem equilibrado, um pouco como que de marfim enquadrado numa barba curta e frisada – sim, porque também ele, como muitos outros jovens, usou barba -, olhos negros de um brilho sobrenatural, com um olhar de agressão sorridente, um olhar perspicaz que pousava com irresistível ardor sobre o interlocutor ou sobre as coisas, um espírito de rigor e de profunda sensibilidade…”

Baron Mollet: “Este homem não muito alto, atarracado, muito moreno, com uma fisionomia que exprimia uma vontade formidável. Mas os olhos, principalmente os olhos, tinham uma expressão fascinante, algo de duro, tornando-se extremamente doces quando sorria.”

Roland Dorgelès: “A sua boca, de lábios finos, alegrava-se às vezes; os olhos, nunca. Olhos estranhamente negros, demasiado grandes para o seu rosto, incómodos pela fixidez.”

Gertrude Stein: “Tinha a altivez desembaraçada de um toureiro à frente do desfile.”

Fernande Olivier: “Picasso, pequeno, moreno, atarracado, inquieto, inquietante, de olhos escuros, profundos, perspicazes, estranhos, quase fixos. Gestos desajeitados, mãos de mulher, mal vestido, pouco cuidado. Uma franja espessa, negra e brilhante, cruzava-lhe a testa, inteligente e teimosa. Semiboémio, semitrabalhador, os cabelos demasiado cumpridos varriam o colarinho de um casaco já velho.”

 

Será que os fantasmas da Idade Média pairam nos nossos dias?

O pintor Matthias Grunewald retratou nesta obra, cujo título é “Tentação de Santo António”, o sentimento de que “demónios insaciáveis ameaçavam os fracos e os imprudentes”. A história tem confirmado esse mesmo sentimento.

O Metropolitano, George Tooker

A assustadora vida actual, tão bem retratada nesta obra por George Tooker.

Tibães – pormenor

Grandes Obras de Grandes Autores: Poem of the Pillow de Utamaro

Grandes Obras de Grandes Autores: Carte Blanche de René Magritte

Instituto Camões – Biblioteca Digital

O Instituto Camões disponibiliza um conjunto de obras, sobre os mais diversos temas, em formato digital. Clique sobre a seguinte figura para aceder à Biblioteca Digital Camões!

Deixamos aqui a nota introdutória constante no sitio do Instituto Camões.

Seja bem-vindo/a à Biblioteca Digital Camões!

A disponibilização de um conjunto de textos e documentos de grande relevância cultural e linguística insere-se na missão do Instituto Camões: A promoção da língua e cultura portuguesas, de que se vem ocupando desde 1929.

A Biblioteca Digital Camões pretende fazer chegar o Português a um universo cada vez mais amplo de falantes e estudantes do Português. Nos próximos meses receberá novos e diversificados parceiros, que a enriquecerão com as suas contribuições e cooperação na preparação do Instituto Camões para o Séc. XXI.

Trajes do Mundo – Índia

Sari de cores delicadas, usado sobre fartas calças de seda e blusa de mangas muito curtas.
Trabalho de: Laura Costa
Oferta da Oliva – Máquinas de Costura de Portugal

Trajes do Mundo – África

Panos moldados à volta do corpo. Na cabeça, lenço garrido de chita. Contas ao pescoço e argolas.
Trabalho de: Laura Costa
Oferta da Oliva – Máquinas de Costura de Portugal

Trajes do Mundo – Macau

Vestido, calças e sapatos de seda. Leque e jóias de jade. Penteado enfeitado com flores.
Trabalho de: Laura Costa
Oferta da Oliva – Máquinas de Costura de Portugal

Trajes de Portugal – Açores

Enorme capote com romeira e capuz de pano preto. Vestido de tecido florido.Lenço garrido ou preto. Sapatos.
Trabalho de: Laura Costa
Oferta da Oliva – Máquinas de Costura de Portugal

Trajes de Portugal – Madeira

Saia de lã de riscas garridas. Colete vermelho decotado. Camisa de punhos bordados. Capa vermelha enfeitada com fitas de cores vivas. Carapuça característica. Botas brancas ou castanhas.
Trabalho de: Laura Costa
Oferta da Oliva – Máquinas de Costura de Portugal

Trajes de Portugal – Algarve

Saia de chita clara. Camisa branca. Casaquinha. Avental escuro de chita. Lenços na cabeça e ao pescoço. Chapéu preto masculino. Botas de cabedal claro.
Trabalho de: Laura Costa
Oferta da Oliva – Máquinas de Costura de Portugal

Trajes de Portugal – Baixo Alentejo

Blusa e avental de chita clara. Saia de riscado. Botas altas. Meias de riscas de cores garridas. Chapéu masculino e lenço.
Trabalho de: Laura Costa
Oferta da Oliva – Máquinas de Costura de Portugal

Trajes de Portugal – Alto Alentejo

Saia escura com barra. Avental e blusa de chita. Lenço de cores vivas. Chapéu preto masculino sobre lenço de chita claro. Meias brancas e sapatos.
Trabalho de: Laura Costa
Oferta da Oliva – Máquinas de Costura de Portugal

Trajes de Portugal – Ribatejo

Saia de fazenda. Avental florido. Casaquinha abotoada ao lado sobre blusa de chita. Lenço garrido. Sapatos.
Trabalho de: Laura Costa
Oferta da Oliva – Máquinas de Costura de Portugal

Trajes de Portugal – Estremadura

Saia de fazenda de grandes quadros sobre numerosas saias e saiotes. Blusa de chita clara com folhos. Avental preto bordado a cores. Chapéu com grande borla sobre capucha e lenço.
Trabalho de: Laura Costa
Oferta da Oliva – Máquinas de Costura de Portugal

Trajes de Portugal – Beira Baixa

Saia cor de azeitona. Avental preto bordado. Colete vermelho. Camisa branca com grande gola de renda. Algibeira. Meias de cor garrida e sapatos com fitas. Laço de fita no cabelo.
Trabalho de: Laura Costa
Oferta da Oliva – Máquinas de Costura de Portugal

Trajes de Portugal – Douro Litoral

Saia preta de seda lavrada ou de baeta-crepe. Casaquinha curta e direita de veludo lavrado. Chapéu de feltro preto. Lenço de tule bordado. Meias brancas rendadas e chinelas pretas.
Trabalho de: Laura Costa
Oferta da Oliva – Máquinas de Costura de Portugal

Trajes de Portugal – Beira Litoral

Saia de barra garrida e outra de quadradinhos. Avental branco. Casaquinha curta sem abas sobre blusa de chita clara. Chapéu de feltro preto com enfeites de penas coloridas, sobre lenço.
Trabalho de: Laura Costa
Oferta da Oliva – Máquinas de Costura de Portugal