Monthly Archives: Setembro 2010

Voltaire on the Lisbon Earthquake

O filosofo francês, de modo a temperar os seus pensamentos, por vezes perdia-se na realidade mundana. Esta realidade, que ele descrevia com elevada mestria, levou que o confundissem como mestre do sarcasmo… quando na verdade a realidade é que era profundamente ridícula como neste caso que passamos a transcrever da sua obra “Cândido” :

“Após o tremor de terra que destruíra três quartos de Lisboa, os sábios do país cogitaram em que o meio mais eficaz para prevenir a ruína total da cidade consistia em dar ao povo um rico auto-de-fé. Fora decidido pela Universidade de Coimbra que o espectáculo de várias pessoas queimadas a fogo lento, com grande cerimonial, era um segredo infalível para impedir a terra de tremer.”

Referências:

Lisbon – Insight Cityguides

Cândido – Voltaire

Sanjo – Documento comemorativo do centenário da Empresa

Loucos e Santos

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila.
Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos.
Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
Deles não quero resposta, quero meu avesso.
Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco.
Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta.
Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria.
Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.
Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice!
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou.
Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que “normalidade” é uma ilusão imbecil e estéril.
Oscar Wilde

A Cultura e a Terra

A rosa

Art of Photography German Salon

Lince – conversor para a nova ortografia – Portal da Língua Portuguesa

Ditado português! (?)

Dentro de dias já podemos fazer referência ao grande ditado português:

CHUVA EM NOVEMBRO, NATAL EM DEZEMBRO!

… E agora?

Extractos do prefácio do novo livro de Manuel Maria Carrilho, em que o embaixador de Portugal na UNESCO defende várias ideias para resolver os problemas estruturais do País. A obra, que hoje é colocada à venda, reúne textos publicados nos últimos três anos, a maioria nas  páginas do DN

… E agora? – Cartaz – DN.

“Os ombros suportam o mundo”, de Carlos Drummond de Andrade

Os ombros suportam o mundo
Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.

Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.

Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.

Instituto Camões – Manifestação de preferências

www.instituto-camoes.pt

Instituto Camões, Ministério dos Negócios Estrangeiros, Portugal. Promoção da Lí­ngua e Cultura portuguesas.

Manifestação de preferências.

The last works before autumn